quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O Caso Irlandês muito resumido

Das conversas de café vejo frequentemente confundir o trigo com o
joio. Ou então aquela anedota do cientista que pega numa rã e diz
Salta e ela Salta depois tiras as pernas e diz -Salta! e ela não
Salta. Conclusão a rã sem pernas fica surda.

O caso Irlandês: A Irlanda nos anos 70/80 faz grandes reformas
estruturais com grande aposta na educação o que origina um grande
crescimento económico nos anos 90 e parte dos 2000. Este crescimento
económico traduz-se num enorme poder de compra dos seus cidadãos ( Um
amigo meu Eng a trabalhar lá tem um salário de €4600 salário normal
segundo sei ) Claro que uma população assim põem-se a consumir.
Põem-se a comprar casas. Um cidadão compra uma casa por 100 000€ pede
dinheiro emprestado ao banco que utiliza as poupanças dos outros
cidadão. No ano seguinte vende a casa por 150 000€ e compra outra por
200 000€. Como ele muitos outros cidadãos fazem o mesmo. Resultado o
nível de poupança interna diminui e os bancos passam a ter de se
endividar no estrangeiro para dar dinheiro aos cidadão para comprar
casas. Toda a gente fica com a noção que é rico ( no inico o cidadão
tinha uma casa que valia 100 000 e já tem uma que vale 200 000€ -
vale não, ele é que deu o dinheiro por ela- mas na verdade ele passou
de uma situação financeira de (menos) 100 000€ para (menos) 200 000€
( 150 000€ para ser um pouco mais correcto) então vai mais longe e
passa tambem a comprar casas para especular 1, 2, 3, sempre mais
caras 3X300 000€ = 900 000€. Entretanto já ganha 6000 €. A construção
está um espectáculo sempre a construir, todos andam contentes os
banco os construtores os compradores de casa, os trabalhadores das
construtoras, Tudo bem, tudo em grande. Na verdade nem tanto. Na
verdade os Irlandeses tinha 4 000 000 (habitantes) x 1000 € = 4 000
000 000€ nos bancos passaram a ter 4 000 000 X 10 000 € de dividas
aos bancos estrangeiros. Os bancos Irlandeses como a grande maioria
dos bancos pedem endividam-se nos mercados internacionais no curto
prazo e emprestam no longo prazo ( todos os banco internacionais
dispõem o seu dinheiro num bolo todas as noites e os que querem tiram
isto todos os dias ) e depois emprestam ás pessoas a 30 anos.
Acontece que houve um dia em que os bancos não puseram lá o dinheiro,
resultado os bancos Irlandeses não puderam ir buscar a uns para pagar
a outros, e também não podia pedir de volta o dinheiro que tinham
emprestados aos seus cidadão primeiro porque tinham no emprestado a
30 anos 2º porque os cidadão não o tinham para lhes o devolver. Para
ajudar a recessão mundial causou despedimentos nos Irlandeses.
Qual foi o verdadeiro problema, mais uma vez a economia foi gerida
pelo duelo Euforia/ganância vs Medo e o governo não soube estar do
outro lado da balança. O governo nunca deveria ter deixado isto
acontecer, lançado impostos para retirar dinheiro da economia no
tempo das vacas gordas e proibindo os bancos de se endividarem mais
que um certo limite. Hoje toda a gente vivia na casa em que vive só
que em vez de ela lhe ter custado 300 000€ tinha-lhe custado 150 000€
e entretanto o estado que se tinha enchido de dinheiro através dos
impostos no tempo das vacas gordas hoje poderia pagar subsídios de
desempregos óptimos e baixar os impostos para relançar a economia.
Como não o fez teve pelo contrario de assumir 50 000 000 000€ das
dividas dos Bancos. O que para uma população de 4 000 000 de
habitantes vejam a dimensão da coisa.
Algo de muito semelhante ocorreu em alguns paises do
Sudoeste Asiatico no final da decada de 98. O dinheiro que entro nas
economias pelos investidores estrangeiros enriqueceu a população.
Quando o dinheiro saiu... ups!! - É explicado no livro do Krumam.

Muito resumidamente e muito grosso modo foi isto que aconteceu. Por
isso a crise Irlandesa não tem nada a ver com a nossa ( Eu pelo menos
não ganho nem nunca ganhei 4600€ nem andei a especular com casas),
nem tem nada a ver com o subprime Americano (que tentarei
explicar numa próxima ) As reformas que a Irlanda encetou são mesmo
de glorificar.



Obs: Este artigo trata-se de uma forma muito resumida de apresentar o caso Irlandês não houve qualquer rigor nos números apresentados. Estes são meramente indicativos e exemplificativos

Mercados e Populismos

Sarkozy ao assumir a presidência dos G20 já avisou que vai tomar medidas relativamente a movimentos especulativos nos mercados das matérias primas. Algo que Angela Merkl anunciou que vai apoiar. Isto é mais uma das medidas que comprova a época de políticos menores que actualmente atravessamos. “Medidas” (retórica porque acção será nenhuma ou pouca) utilizada para ganhar uns infelizes votos em casa. Infelizes porque a França e a Alemanha são completamente indiferentes para os mercados de futuros em matérias-primas. Os principais mercados são os EUA e a City em Londres. Dá sempre para consumo interno e quando não se têm grandes ideias estas sempre vão distraindo. Inclusive distraindo do facto que não se têm grandes ideias.
Eu não sou liberal. Sou mesmo em muitas áreas anti-liberal. Agora Mercados é outra coisa. Criar um mercado supostamente para que haja uma correcta relação entre oferta e procura e depois desvirtuar esta relação á partida… (1) Valia mais estar parado e acabar com o mercado á cabeça. Principalmente quando quem vai legislar o mercado é parte interessado noutro mercado, o mercado dos votos.
Eu tenho para mim que a diferença entre investidores e especuladores é que os primeiros ganham dinheiro com os investimentos que fazem e os segundos perdem dinheiro. (2) Os especuladores na minha opinião são muito bem vindos ao mercado primeiro porque perdem dinheiro e segundo porque introduzem liquidez. -O que dá garantia a quem detém um titulo que ele vale o preço a que está a ser transaccionado no mercado actualmente - (3). A ideia de que os especuladores têm capacidade para manipular o mercado não é verdade, a quanto muito no curto prazo e isso deve ser negligenciado para quem vê para alem da espuma dos dias. As grandes variações de preços que as matérias-primas têm experimentado nos últimos anos devem-se a relações de procura e oferta. Muito mais do que criticar os movimentos especulativos devemos criticar os desinvestimentos que se fizeram na agricultura, nas minas e na exploração do petróleo (4) (5). Quando a oferta é pequena uma pequena alteração no consumo pode fazer disparar o preço. Vejamos o exemplo de o mercado estar a fornecer um Barril de petróleo a menos do que o mercado está a necessitar. O facto de ninguém querer ficar sem esse Barril que necessita fará com que o preço dispare. Por isso alguma que seja a importância dos especuladores para a manutenção de um preço rapidamente serão os fundamentais a conduzir essa alteração de preço.
Na verdade Segundo o Barclays Capital actualmente estão alocados ao mercado das matérias-primas 320 Mil Milhões ( 109 ) de Dólares de dinheiro Institucional ( fundos de pensões e fundos soberanos etc. ) quando á uma década atrás esse valor era 6 Mil Milhões. No entanto se compararmos com o total do valor global do mercado de Petróleo 1.8 Biliões ( 1012 ) de Dólares esse valor torna-se irrisório.
Acresce também que a OCDE em Junho fez um estudo e chegou á conclusão que não há grandes diferenças entres as oscilações dos produtos agrícolas disponíveis no mercado de futuros e os que não estão disponíveis.
Recordando o crescimento no preço do petróleo ocorrido em 2008 devido ao nível de especulação foi possível o mundo aperceber-se do que poderia acontecer caso de repente existisse um crescimento na procura que não fosse acompanhado pela oferta. Com isso o mundo tomou consciência, diversificou as suas fontes de energia, tornou mais eficientes os seus consumos de petróleo, investiu em tecnologias renováveis. Resta por isso saber como teria reagido o mundo caso tivéssemos assistido a um choque petrolífero mais precipitado e severo.

Sem sombra de duvida que os especuladores mais uma vez vão ser óptimos para satisfazer os desejos de populismo que invadem Sarkozy e Angela Merkl. Mais uma vez tudo se apronta para que no final os grandes vilões sejam os políticos e não os investidores. Pena dos povos que têm estes líderes. E dos que não têm mas sofrem com isso.




(1) Um mercado fica logo desvirtuado quando existem incentivos á participação nele. Citando alguns exemplos :
A poupança tem mais impostos que o dinheiro investido na especulação financeira. O dinheiro que um cidadão deposita numa conta de longo prazo é mais taxado que os lucros obtidos nas transacções financeira
O facto de nunca se deixar um mercado “cair”, imprimindo dinheiro, logo que tal se começa a sentir..
O facto de se disponibilizar dinheiro a baixo custo pelos bancos centrais para investir nos mercados ( ou pelo menos pode ser utilizado com esse fim)
Deixar as taxas de juro das poupanças abaixo da inflação. O que se traduz numa perca real para quem poupa. Quando pelo contrario as taxas de juro das poupanças por raramente serem tão atractivas como os investimentos financeiros deviam ser utilizadas como contrapeso para arrefecer os mercados.
Numa perspectiva histórica queria referir que os mercados de futuros foram criados para que os Agricultores antes de produzir pudessem ter os seus produtos com um preço assegurado quando chegassem ao mercado. Imaginem que um determinado ano 100 Agricultores decidiam produzir milho caso quando o fossem para vender o mercado tinha tanta oferta que o preço a que o vendiam dava prejuízo, no final faliam todos. Os poucos que teriam produzido cevada venderiam a um lucro tão elevado que enriqueceriam. O Mercado de futuros permite que os agricultores vendam os produtos antes de os produzirem e assim podem antecipadamente garantir um preço para porem o produto no mercado. E assim teoricamente consegue-se os objectivos. Garantir produção suficiente para os mercados ( consumidores ) e um preço que garanta a viabilidade financeira dos agricultores.


(2) Toda a gente fala do dinheiro que Soros ganhou com libra Inglesa mas ninguém fala do que perdeu ao especular com o Dólar de Hong Kong. Com a libra efetivamente o Banco de Inglaterra não estava em situação financeira para aguentar com o Banco de Hong-Kong estava e quem perdeu foi o Soros e quem ganhou foi o BHK. Para não falar que devido ás actividades de Soros a libra acabou por não aderir ao Euro e isso resultou em grandes taxas de crescimento para a economia Britânica.

( 3 ) Por exemplo os titulo da divida publica portuguesa tem um perigo maior que os títulos da divida publica Italiana ou Francesa por estas serem mais liquidas. Isto é os países maiores emitem mais divida publica o que faz com que haja mais gente ( mais fundo ) a comprá-la o que se entende como mais gente interessada nela por isso quem a detêm sabe que detêm algo que muita gente compra. Já agora essa é uma das razões pela qual os EUA têm uma divida publica tão grande, assim como podem imprimir os Dólares que lhes apetecerem. Quem detém Dólares sabe que detém a moeda utilizada pelos 300 000 000 de habitantes mais ricos ( grosso modo ) do mundo os cidadãos dos EUA. Eu por exemplo não me sentia confortável em ter no meu cofre a moeda dos Islandeses. Detinha algo que só interessava a 318 000 habitantes, e que agora pouco vale.


(4) A política agrícola comum teve como principal objectivo garantir um elevado rendimentos aos agricultores ( criar um grupo de agricultores ricos ) e justificar os ordenados de alguns burocratas em Bruxelas. Segundo este principio foram dados incentivos á não produção com vista á manutenção de um preço que garantisse os elevados rendimentos dos agricultores que se mantivessem ( Franceses em primeiro ) e foram criadas uma serie de regras de normalização que retirava do mercado uma serie de produtos, encarecendo os que chegavam ao mercado ( Se por cada 3 quilos de maçã produzidas só um cumpre os requisitos para ir para o mercado esse quilo vai ter que pagar os 2 que vão para o lixo )

(5) No caso da exploração do petróleo o grosso da exploração actual está nas mãos de empresas públicas dos países da OPEP. Países esses que normalmente são ditaduras ou democracias populistas. Como os lucros têm sido desviados na sua totalidade para as contas bancárias da nomenclatura ou para suporte ás politicas populistas, não se têm investido o suficiente na exploração. Por exemplo na Venezuela a produção passou de 3.2 Milhões de Barris por dia em 2000 para 2.4 Milhões de Barris por dia em 2007


Liquidez – Quanto mais liquido é um mercado melhor é a noção do preço deste. Por exemplo quando se ouve dizer que uma casa vale €200 000 eu costumo traduzir que alguém, deu €200 000 por uma casa. Claro se um grande nº de pessoas deu X por um bem isso já está mais perto do valor que esse bem vale. Pois quem o comprou sabe que pelo menos uma certa quantidade de pessoas está disposta a dar aquele valor por esse bem.
Ex quando uma estrela de cinema tem uma casa no valor de X o que isso significa é que ela deu X e comprovar isso é quantas pessoas no mundo tem essa quantidade de dinheiro para dar por esse bem.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Direita na Gran-Bretanha

Para quem ainda tem duvidas e não sabe distinguir diferenças entre esquerda e direita aqui estão algumas. No entanto para quem é de Centro Esquerda como eu – Toda a gente deve ter as mesmas oportunidades independentemente do estrato social de onde vem – não deixam de haver algumas boas ideias, e outras que não sendo boas merecem ser analisadas.









quinta-feira, 12 de agosto de 2010

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Industrial Policy

Em tempos li que bastavam os habitantes de uma aldeia lavarem a roupa uns dos outros para que se cria-se riqueza. Obviamente que não, pois a simples prestação de um serviço não cria riqueza. A riqueza é criada pela produção de produtos de preferência transaccionáveis. Os serviços criam riqueza se aumentarem a produtividade desses produtos transaccionáveis da aldeia. ( Quer a quantidade de produtos produzidos quer o valor dos produtos produzidos ). Como exercício: imaginem a aldeia mas em que os habitantes em vez de lavarem a roupa uns dos outros fazem a casa uns dos outros ou produzem sapatos que vendem á aldeia do lado. Para concluir, que todas as grandes nações são nações que produzem, que têm uma forte componente Industrial e é isso que diz o artigo do The Economist que eu reproduzo abaixo.
Chamo no entanto a atenção para os pontos suscitados no artigo:
- O facto de um pais intervir directamente exigindo a repatriação dos empregos em troca dos apoios directos á industria. Eu discordo pois em economia a manta é curta e se se tapa de um lado destapa-se do outro. Um emprego repatriado é estarmos a ir contra o mercado, estamos na pratica a criar um emprego á custa do cidadão que paga impostos e que consome. Aquele emprego está a ser criado contra o mercado á custa de de subsídios ( vindos dos impostos ) e de um preço mais elevado que o consumidor terá que pagar pelo produto. Alem de que estamos a ir contra o mercado o que eu considero sempre muito arriscado. O trabalhador num pais desenvolvido será também entretanto um consumidor de produtos que podem ser produzidos num pais desenvolvido. A minha opinião pessoal é que os mercados devem ter o menos possível de intervenção directa e sim indirecta. Para o caso se os países ricos querem manter a suas politicas sociais criadas e sustentadas pelos empregos ( em queda actualmente ) devem transferir este custo para os consumidores ( beneficiados por produtos mais baratos ) e beneficiarem as empresas que criem empregos e produzam bens transaccionáveis.
- A aposta de um estado num produto desvirtua o mercado. Imaginemos um estado com os bolsos fundos que aposta numa tecnologia inferior vs um com menos capacidades financeira mas com uma tecnologia superior. Os casos de um estado insistir numa industria, e gastar imenso dinheiro até se convencer que está errado. Pois como é dito os governos raramente avaliam os custos e os benefícios correctamente alem de que muitas vezes subjugam interesses eleitorais a outros interesses.
-Os vários casos apresentados no Artigo deixam também claro que não há “verdades” se em muitos casos o estado interviu mal noutros também interviu bem.

De reter a conclusão do artigo:

Um estado deve evitar os negócios onde a competição internacional é mais feroz.
A apostar que seja numa área em que tem vantagens nacionais ou locais: Exemplo um pais com mar apostar na pesca.
Estão favorecidas áreas onde os governos têm interesses directos. Exemplo em Portugal o cartão único.








terça-feira, 3 de agosto de 2010

Plano Bolsa Familia

A importância das politicas sociais, e principalmente a importância de as adaptar ás circunstancias especificas de cada situação. Ideias para serem utilizadas nos países desenvolvidos no combate á exclusão social





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